O Rapé é uma medicina indígena das tribos da região amazônica, composto geralmente de cinzas de ervas queimadas e pó de tabaco. Muito se fala a respeito de seu uso e propriedades físicas e energéticas. Cada rapé tem propriedades específicas de atuação, respeitando a vibração dos elementos utilizados em seu feitio. Para entender as aplicações específicas de cada tipo de rapé é necessário saber a sua composição, e então estudar sobre as propriedades das ervas que o compõem. Seu uso é tradicionalmente cerimonial, carregando as intenções de quem o aplica.
Cerimônia
O uso de qualquer planta de poder deve ser feito de maneira cautelosa, e em caso de primeiras experiências ou dificuldade em lidar com os efeitos da medicina, é aconselhável a presença de outras pessoas. Alteradores de consciência provocam estados de percepção que podem às vezes se mostrar confusos, o que pode gerar desde consequências desagradáveis momentâneas, até problemas mais complexos, dependendo da ritualística envolvida naquela ocasião, portanto, a experimentação deve ser aliada ao estudo e responsabilidade.
Sua aplicação é realizada através de dois tipos de instrumentos, o tepi, para a aplicação em terceiros, e o kuripe, para a autoaplicação. Estes instrumentos geralmente são feitos de bambu, e por meio deles a medicina é soprada. O rapé indígena, ao contrário dos rapés de latinha que se encontra comumente nos mercados, jamais é inalado, é sempre soprado. Quando a medicina é soprada, o pó adentra as narinas sem alojar-se no pulmão, sugando para fora as impurezas encontradas, que serão retiradas do organismo através do escarro. Depois do sopro, é ainda recomendado que a respiração seja feita pela boca por algum tempo.
Intenções e Usos
Desde o seu preparo até a sua aplicação, esse composto é carregado de intenções, e é exatamente a intenção a grande chave de seu poder. Através do sopro a medicina carrega tudo aquilo com que ela foi imantada para dentro de quem a recebe, promovendo a cura de diversas mazelas e a alteração do campo vibracional e corpos sutis. O tabaco é uma planta associada ao elemento fogo e uma de suas propriedades é a limpeza energética e física, ao contrário do que os povos brancos, com seu uso deturpado, trouxeram para ela. Também por isso, não é aconselhada a sua inalação.
Por ser um alterador de consciência, essa medicina é uma excelente ferramenta para atingir estados meditativos e de gnose para práticas mágicas, enquadrando-se no conceito de quimiognose. Clareia o fluxo de percepção, limpa e harmoniza o estado mental selecionando, através da intenção contida no sopro, e favorece a vibração adequada do funcionamento da psiquê para a obtenção dos resultados desejados dentro da sua ritualística.
Cuidados
Não é aconselhada a utilização desse método para aqueles que não possuem familiaridade com a medicina. Seu uso gera respostas físicas muitas vezes desconfortáveis, como alterações na pressão sanguínea, espirros, vômito ou diarreia, e por isso deve ser feito de forma consciente e responsável. Em caso de pouca prática com a substância aconselha-se a presença de alguém que possa auxiliar em caso de dificuldade. Em caso de problemas de pressão, epilepsia, problemas cardíacos ou outros distúrbios, não se aconselha esse tipo de prática.
Texto: F. L. Surati, site: https://medium.com.
Referências: MENDES DOS SANTOS e SOARES (2015) — Rapé e Xamanismo entre grupos indígenas no Médio Purus, Amazônia.